Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRAS

- 31 de outubro de 2007
Não sei como começar a escrever este post.Tenho receio de que minhas palavras resultem POBRES, diante de toda a gratidão que sinto pela repercussão que o blog de Flavia vem alcançando pelo mundo, e isto eu não posso deixar de dizer, tampouco reconhecer: GRAÇAS AOS MEUS AMIGOS PORTUGUESES. Têm vindo de Portugal os maiores esforços de divulgação do blog de Flavia. Seja com posts - repetidas vezes - seja com links em seus blogs, seja com visitas e comentários. Tem sido uma multiplicação de ações que um blog passa para outro que passa para outro... e vai assim se formando uma cadeia de amizade e solidariedade entre pessoas, que mesmo distantes geograficamente, se fazem próximas, querendo abraçar, colaborar, ajudar no que podem, e têm feito isto muito bem através de palavras que vão de um lugar para outro numa RAPIDEZ E RESPEITO QUE A JUSTIÇA BRASILEIRA NÃO TEM TIDO COM FLAVIA.

Reconheço que injustiças acontecem em todo o mundo, e até mesmo em Portugal tenho noticiado no blog de Flavia, acidentes com ralos de piscinas com morte, e também como aqui no Brasil, os processos se arrastaram e ainda se arrastam por anos, sem solução para as vítimas. E aí vejo alguns comentários nos blogs portugueses que têm participado da campanha por Flavia, questionando por que os portugueses estão a divulgar uma injustiça no Brasil se há tantas também em Portugal a serem divulgadas? E então me pergunto: Será que todos os que sofrem injustiças vão a público? Será que denunciam desrespeitos aos seus direitos? Se não o fazem como vocês podem demonstrar solidariedade?

Recebi um e-mail de uma mulher aqui no Brasil que seu filho morreu há aproximadamente 20 anos atrás, em um acidente idêntico ao que deixou Flavia em coma - causado por um ralo de piscina funcionando de forma irregular. Perguntei se ela nunca pensou em processar os responsáveis pelo clube onde o acidente aconteceu. Ela respondeu que não, que só queria esquecer. Pois é exatamente isto que culpados por acidentes causados por NEGLIGÊNCIA querem que as vítimas façam. Que esqueçam. Como se fosse possível.

Mas voltando aos amigos que eu e Flavia temos feito através deste blog. David Santos, de Portugal, do blog SÓ VERDADES, também vem abraçando a causa de Flavia e tem trabalhado incansavelmente para divulgar o blog dela pelo mundo. Tenho lido comentários no blog dele de pessoas não só de Portugal, como da Espanha, Chile, Colômbia, México,Argentina,.... E ele me diz: "Por enquanto". Algumas dessas pessoas além de comentar, fazem posts em seus blogs e muitos já estão enviando cartas à Embaixada do Brasil em seus países, intercedendo por Flavia. Aqui no Brasil, infelizmente, não tenho conseguido que o assunto tratado no blog de Flavia, de tanta importãncia pública - a lentidão da justiça brasileira e o perigo dos ralos de piscinas chequem às mídias. Desde Janeiro de 2007, quando criei o blog, houve apenas uma reportagem de TV e uma de jornal. É pouco, para o tanto que escrevo e encaminho e-mails para as diversas mídias. Quem sabe venha de fora de meu país essa visibilidade que venho procurando dar ao caso (descaso) de Flavia.

Na impossibilidade de reproduzir aqui no blog todas as cartas que estão sendo enviadas às Embaixadas do Brasil nos diversos países, vou publicar aqui o que escreveu ALEKSANDER NAGI, de BOGOTÁ - COLÔMBIA

O blog dele:
OPINION DIFERENTE
No soy más que un átomo en el infinito océano del conocimiento…. No soy más que un pensamiento…. No soy más que un respiro y un instante… No soy más que una sonrisa y una lagrima… No soy más que un suspiro del tiempo… No soy más que un nómada en el espacio… No soy más que una expresión en el mundo de la opresión… No soy más que una sombra que se consume en la ausencia de la luz… No soy más que una posición y una actitud… No soy más que una exposición… No soy más que un libre pensador… SOY ALEKSANDER NAGI.
BOGOTÁ – COLÔMBIA.

lunes 29 de octubre de 2007
FLAVIA SOUZA

Solidario con la causa de la familia de FLAVIA, me uno a las voces que proclaman para que en nuestro hermano país El Brasil se haga justicia…Por el sueño que no pudo cumplir FLAVIA y por el sueño de su Madre en que se haga justicia terrenal, envié esta carta al Señor embajador del Brasil en Bogotá.La comparto con ustedes… Solidaridad con FLAVIA…Hagamos llegar nuestra voz, FLAVIA lo necesita…Gracias señor David Santos por su campaña y por la invitación a esta noble causa. Un abrazo.

Excelentísimo Señor Embajador JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS Embajada del Brasil en Bogotá – Colombia. Su excelencia, Reciba de mí un cordial y respetuoso saludo.Mi nombre es Aleksander K. Nagi Saeb, ciudadano colombiano con número de Cedula de Ciudadanía: ******** de Bogotá. La presente es con el animo de unir mi voz de solidaridad a las voces que se encuentran en una campaña abogando al favor de una ciudadana Brasilera con el nombre de FLAVIA SOUZA BELO, que en la fecha del 06/1/1998, por entonces tenia 10 años, sufre un grave accidente cuando su cabello es succionado por la rejilla de la piscina del condominio en el que ella vivía con su familia, en San Pablo, Brasil. Por un paro cardiorrespiratorio hoy en día se encuentra en un estado de COMA VIGIL, el cual según los médicos es irreversible. Y la justicia del hermano país no se ha pronunciado todavía al favor de la demanda impuesta por la señora ODELE SOUZA, madre de la afectada.Su Excelencia,En mi calidad de libre pensador, profundo creyente en los principios internacionales sobre el derecho sagrado a la vida digna y en los Derechos Humanos en su totalidad, me dirijo a su Excelencia, con el mas profundo de mi respeto, para solicitarle su apoyo a esta causa humana, para que la Justicia en el hermano país Brasil se pronuncia sobre el caso de la joven FLAVIA, condenando a los responsables de esta tragedia.Su Excelencia,Si la justicia del cielo ha tomado este camino con esta joven, que sin duda ninguna, ella como su familia, tenían muchos sueños por realizar, y estos se vieron desmoronando y de que manera tan dolorosa. Nosotros los humanos, y en este caso creo, tenemos el poder para que la justicia terrenal sea humana, mas justa, y que sea como una demostración y un ejemplo de equidad, solidaridad y de justicia.Me despido Señor Embajador con el debido respeto, en espera de que mi humilde voz aporte este granito de arena al favor de esta causa.Mis sinceros e infinitos agradecimientos.Aleksander K Nagi SaebCC: ******* de Bogotá.PD: Adjunto la dirección de la pagina en la cual la Madre de FLAVIA escribe sobre su lucha: http://www.flaviavivendoemcoma.blogspot.com/. Esta carta será publicada también en mi Blog: http://www.opiniondiferente.blogspot.com/
Publicado por Aleksander Nagi en 12:35:00

Diante do que escreveu Aleksander, como não me comover? Estou aqui com o Lap Top no quarto de Flavia, e em voz alta, vou lendo as coisas do blog para ela. E lhe digo: - Querida, já não estamos mais sozinhas, já temos muitos amigos pelo mundo afora. Não demora muito e será como naquela música do Roberto Carlos, lembra Flavia? Teremos um milhão de amigos!.

DENUNCIAR, PROTESTAR, DIVULGAR...DIVULGAR...

- 25 de outubro de 2007
No post anterior – "Aflição e Constrangimento" aDesenhar deixou o comentário abaixo:

aDesenhar disse...
olá
quando um cidadão é prejudicado, seja qual for o "Sistema" envolvido, nunca há culpados,para que os processos se arrastem no tempo, com a intenção premeditada de levar os lesados a desistirem dos processos. A Justiça deixa muito a desejar, seja qual for o país, e as injustiças praticadas, com casos idênticos ao da Flávia já são muitos, e não podem nem devem ser ignorados.Mas é graças à força da Flávia, familiares e amigos, que não baixam os braços e lutam contra um Sistema instituído, com seus tentáculos devoradores, para que mais tarde ou mais cedo, casos como este não se repitam, para bem da humanidade, e de uma vez por todas se respeitem os Direitos Humanos.
Deixo um Abraço para duas Mulheres de grande coragem:
a Flavia e a Odele Souza"

Um comentário como este, é valioso porque além de ser um incentivo, me faz perceber que o que penso sobre não ficarmos calados e de braços cruzados pelas injustiças que nos fazem, é compartilhado por outras pessoas. Além de aDesenhar, muitos de vocês que me lêem agora, vêm deixando comentários neste blog, que me” botam pra cima” e me incentivam a continuar a denunciar este caso de total “descaso” para com minha filha.

Prefiro não citar nomes para não correr o risco de cometer a indelicadeza de esquecer alguém, mas este post é na verdade um agradecimento a todos quantos já fizeram e continuam fazendo posts para divulgar o caso de Flavia. A todos quantos linkam o blog de Flavia, a todos que entram e comentam meus posts, pessoas que se manifestam e mostram solidariedade.

Como o blog de Flavia é mais visto, comentado e divulgado em Portugal do que no Brasil, é daí que tem vindo a maioria dos comentários e de ações de solidariedade. No entanto, vez por outra nos comentários dos blogs dai, leio algo do tipo: “Mas injustiças não acontecem apenas no Brasil, acontecem em todo o mundo inclusive aqui em Portugal..” Isto é verdade. Mas não é possível mostrar solidariedade com quem não divulga o que lhe acontece, com quem fica calado, escondido e amedrontado. Estou certa de que vocês mostrariam a mesma solidariedade que têm mostrado a mim e à Flavia, se outros casos de injustiças aí em Portugal lhes chegassem ao conhecimento. Mas não são todas as pessoas que vão a público expor situações de desrespeito pelas quais passaram ou ainda passam.

Desagradável? Claro que é, e muito. Mas se não mostramos a cara, se não nos expomos, não há como alguém saber das injustiças que sofremos. É da maior importância não nos calar diante do desrespeito que nos acontecem. E se esse desrespeito vier do governo e de autoridades que teriam por obrigação nos proteger, denunciar a situação, pode vir a beneficiar aquelas pessoas que não têm condições de se expressar. É só nos expondo e divulgando para o mundo as INJUSTIÇAS e o DESRESPEITO dos quais somos vítimas, que podemos receber não a piedade, que desta não precisamos, mas a solidariedade das pessoas. E como disse Mário Relvas, em seu mais recente post sobre Flavia, A SOLIDARIEDADE NÃO PODE SER UMA PALAVRA VÃ.

Pra vocês, com gratidão e carinho, um abraço meu e de Flavia.

AFLIÇÃO E CONSTRANGIMENTO

- 19 de outubro de 2007
Eu já relatei aqui, minhas dificuldades no ano de 1998, para encontrar um advogado que aceitasse provar na Justiça, que o acidente ocorrido com Flavia, tinha sido causado pelo mau funcionamento do ralo da piscina onde ela nadava no momento do acidente. Já contei também que após muito perambular com um calhamaço de documentos embaixo do braço, acabei por encontrar Dr.José Rubens Machado de Campos, advogado que assumiu o caso e que felizmente se mantém conosco até hoje, e que tem demonstrado ao longo desses anos, muita competência e combatividade. Infelizmente, dependemos dos juízes que até hoje têm ignorado todas as provas pos nós apresentadas sobre o ralo superdimensionado para aquela piscina, e sua demasiada força de sucção.

Antes de decidir processar o condomínio Jardim da Juriti, em Moema – São Paulo, onde eu morava com meus filhos, tentei de todas as formas junto ao síndico, receber o seguro de responsabilidade existente no prédio, da seguradora AGF Brasil Seguros. O síndico respondia que não poderia me ajudar nesse sentido, pois reivindicar o seguro seria o mesmo que admitir a culpa do condomínio, coisa que ele não faria, me dizia. Passei então a escrever diretamente para a AGF, descrevendo o acidente ocorrido com Flavia na piscina do prédio e solicitando o pagamento do seguro, na época, no valor de R$ 100 mil reais. Não tive sucesso e a AGF foi incluída no rol dos réus a quem processei, junto com o condomínio Jardim da Juriti e a Jacuzzi do Brasil, fabricante e vendedora do ralo.

A seguradora AGF, na sua contestação escreveu:

“......A comunicação do sinistro pelo condomínio segurado, apenas relatou o acidente, não admitindo para si, qualquer responsabilidade quanto à ocorrência do mesmo. Assim , não poderia e não pode a ora contestante liberar o valor da importância segurada sem que esteja comprovada a responsabilidade do condomínio pelo evento. A seguradora não tem qualquer responsabilidade direta com as autoras....”

Nosso advogado trabalhou, e o juiz entendeu, que se um condômino sofre um acidente dentro do condomínio, ele tem sim o direito a receber o seguro alí existente. A AGF adiou o quanto pode o pagamento desse seguro de responsabilidade civil existente no condomínio. Graças ao trabalho de Dr.José Rubens e o discernimento de um Juiz, o valor foi pago, - um ano e onze meses após o acidente, sob ordem judicial e ameaça de cobrança de multa diária, caso o valor não fosse depositado em nome de Flavia na data estipulada. No entanto, mesmo tendo sido pago quase dois anos depois do acidente, a AGF não pagou nem juros nem correção monetária. O tempo em que fiquei pelejando para receber o seguro da AGF agravou minha aflição e me causou muito constrangimento, pois precisei depender de favores de terceiros para garantir a sobrevivência de Flavia, enquanto possuía legítimo direito de receber a indenização do seguro.

JOSÉ, IRMÃO DE UMA VÍTIMA

- 12 de outubro de 2007
"José has left a new comment on your post "PERIGO NA ÁGUA.": Ola... meu nome é José e posso dizer que não sei o pq hj resolvi buscar no Google noticias sobre a morte de minha irmã Lucimeire Pereira dos Santos, que morreu afogada no Motel Asturias qdo teve sues cabelos tragados pela bomba de sucção. Ainda sinto muito dor pela falta da minha irmã e minha mãe quase teve sua fé em Deus abalada por não entender pq Deus tirou a filha dela, mas hj só o que fazemos é pedir a Deus que tenha minha irmã em bom lugar. E venho tb me solidarizar com a sua dor, pois vc tem a sua filha ao teu lado mas ela não pode aproveitar a vida que merece. Tomei conhecimento de seu caso a algum tempo atras qdo estava procurando um apto para comprar, mas não me aprofundei no assunto. Fiquem com Deus e pode ter certeza que voce e sua filha serão recompensadas por Ele, pois tudo tem uma razão nessa vida!!!! "

No Post deste blog do dia 13/09/2007, sob o título “PERIGO NA ÁGUA” recebi o comentário acima, deixado por José, irmão de Lucimeire Pereira dos Santos, de 29 anos, mais uma vítima de sistema de sucção de piscinas. O acidente que vitimou a irmã de José, foi noticiado na Revista IstoÉ que aqui transcrevo na sua íntegra, mas pode ser conferido no link: IVOX Este artigo da Revista IstoÉ já foi aqui publicado em um post anterior.
José, obrigada por seu comentário. Obrigada por se manifestar.
"MOTEL ASTÚRIAS (ISTOÉ 1848 - MAR/2005) (01/03/06)
- ASSUNTO DE INTERESSE PÚBLICO:
Morte nas águas do Astúrias. No espaço de quatro anos e nas mesmas circunstâncias, como sereias puxadas pelos cabelos, duas mulheres que foram em busca de prazer no Astúrias Motel acabaram na mesa de necropsia do Instituto Médico Legal de São Paulo. Às seis horas da manhã do domingo 13 Lucimeire Pereira dos Santos, 29 anos, deu entrada no Hospital das Clínicas com sinais claros de afogamento. Morreu cinco horas depois. Ela chegou ao hospital transportada da suíte Mansões, número 10 (trágica ironia, o slogan do motel é o “Único nota 10). Nessa suíte, ao mergulhar na piscina, ela teve os seus cabelos tragados pela engrenagem de sucção do ralo sob o qual funciona a bomba de limpeza e de oxigenação da água (caso idêntico ocorreu em 2001). Isso consta do inquérito policial baseado nos testemunhos de funcionários da casa e do namorado que estava com ela na suíte 10, César Costa Ventura. Ao perceber que não conseguiria salvar a parceira, correu desesperado em busca de ajuda. Alguns funcionários correram à suíte e com uma faca cortaram os cabelos de Lucimeire. Tarde demais. Ela deixou uma filha de cinco anos de seu primeiro casamento. A Polícia Civil, como é seu dever, abriu as portas da investigação para saber se Lucimeire tem outras marcas de traumatismo no corpo (o que indicaria violência) ou se fez uso de drogas. Trabalha, no entanto, com a hipótese praticamente fechada de que a morte foi por afogamento a partir do momento em que ela teve os seus cabelos tragados. O Astúrias Motel tem 55 suítes e os seus preços variam entre cerca de R$ 160 e R$ 360. Procurados insistentemente por ISTOÉ ao longo da semana, nenhum responsável pelo motel sequer pegou o telefone para dar uma explicação. Ou são cinco estrelas demais para falar com a imprensa ou consideram que a vida de uma mulher que se escoa pelo ralo, num local justamente frequentado por tantas mulheres, não é um assunto de interesse público. • No momento em que Lucimeire chegava ao Hospital das Clínicas, de lá saía uma outra mulher (não quer ser identificada). Foi ao hospital porque sofrera ferimentos nos seios quando mergulhou numa piscina e nadou próxima ao ralo. Foi igualmente vítima do sistema de sucção da água. A piscina que a vitimou fica no Astúrias Motel A morte no Astúrias em 2001 Na noite de 10 de janeiro de 2001, também os cabelos de uma mulher tiveram de ser cortados à faca numa tentativa de salvá-la do ralo da piscina de uma das suítes do Astúrias Motel. A tentativa foi em vão e a morta se chamava Marlei da Silva Feliciano. Tinha 23 anos. Mergulhou na piscina enquanto o seu parceiro tomava banho. A bomba de sucção do ralo engoliu os seus cabelos. “Foi um acidente devido à negligência do motel. A família de Marlei foi à Justiça. Até hoje o Astúrias Motel não indenizou os familiares da vítima”, diz o advogado Adilson Carvalho de Almeida. "

Vejam que o acidente que deixou Flavia em coma, causado por um ralo de piscina funcionando de forma irrregular, não é raro de acontecer e envolve inclusive pessoas adultas, como no caso desta moça, a Lucimeire, de 29 anos. Marlei a outra moça que também morreu pelo mesmo motivo e no mesmo Motel, tinha 23 anos. O acidente com Marlei aconteceu em 2001 e com Lucimeire em 2005.

O que se tem a lamentar, além claro, da tragédia em si, é o descaso com que esses acidentes são tratados. As vítimas são deixadas à própria sorte. Ninguém é punido, ninguém paga por nada. E a nós, resta a vida esfacelada.

ÓRFÃOS DA LEI

- 6 de outubro de 2007
"CEGUEIRA, LENTIDÃO E IMPUNIDADE.
Por SOARES 14/05/2007 às 10:02

Dizem que a Justiça é cega. Pois no Brasil, sabemos todos, alem de cega ela é lenta. Lenta em prejuízo dos pobres e lenta em benefício dos ricos e poderosos. O cidadão pobre, para fazer valer algum direito ofendido, tem que se submeter a uma maratona que costuma durar anos ou até décadas, e muitas vezes, termina como causa perdida. O cidadão rico, especialmente agentes públicos do alto escalão dos três poderes, quando apanhado em alguma ilicitude, e , por isto, indiciado, conta com a lentidão da Justiça para escapar ileso, ao final do processo"

O texto acima pode ser lido na íntegra no seguinte link:
CEGUEIRA,LENTIDÃO E IMPUNIDADE


Quando há quase nove anos atrás o processo de Flavia deu entrada na Justiça Paulista, nosso advogado, Dr.José Rubens Machado de Campos, me alertou para a morosidade de nossa Justiça. Dr.José Rubens não me iludiu, tampouco me disse que seria fácil a nossa batalha judicial, quando no início de 1999, foi pedido à Justiça Paulista que condenasse os réus, entre eles a multinacional americana Jacuzzi do Brasil, a pagar à Flavia uma indenização, tendo em vista as graves seqüelas decorrentes do acidente com o ralo de piscina que a deixou em coma irreversível.

Na entrevista sobre a lentidão da Justiça Brasileira, feita pela TV Record dia 27.03.07, tendo como exemplo o caso de Flavia, mostrou-se que no Brasil existem 62 milhões de processos aguardando por julgamento, a maioria deles em São Paulo. Entrevistado pela reportagem da TV Record o Sr. Jarbas Machioni, presidente de Comissão da OAB, disse:

“– São Paulo tem uma das piores justiças em termos de morosidade e aparelhamento do Brasil, se não for a pior."

"- O problema de São Paulo é gestão, principalmente gestão. Nós precisamos de uma solução técnica, compreender o nosso problema e apresentar solução com administradores e não juízes e advogados, quer dizer, nós podemos participar, mas tem que ser técnico”.

Que a Justiça brasileira, principalmente a justiça paulista é extremamente lenta, é um fato que, infelizmente, venho constatando e vivendo com grande indignação e revolta. Quando aconteceu o acidente com minha filha e teve inicio o processo de indenização na 8ª.Vara Cível de São Paulo, há quase nove anos atrás, Flavia era uma criança, hoje ela é já uma mulher e ainda aguarda em coma, que a justiça lhe conceda a indenização pleiteada. Os juízes que julgaram o pedido de indenização de Flavia nas duas primeiras instâncias, após cinco e sete anos do início do processo, ignorando as provas apresentadas, concederam indenização infinitamente inferior àquela pleiteada, obrigando-nos a recorrer mais uma vez, e agora, - e este "agora" já faz tempo – o processo de Flavia em última instância, deverá ser julgado em Brasília.

O que me deixa indignada é saber que nosso sistema jurídico é conduzido por homens de inteligências brilhantes. Como entender e aceitar que nenhum deles ou todos eles juntos não consigam encontrar uma solução para agilizar os processos e tirar a Justiça paulista do marasmo e do limbo jurídico em que há tanto tempo se encontra?! A lentidão da Justiça favorece e contribui para a impunidade, desestimula o exercício da cidadania e é um desrespeito aos nossos direitos. A lentidão da Justiça a torna injusta e nos deixa a todos, órfãos da lei.
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