Este blog, criado em janeiro de 2007, é dedicado à minha filha Flavia e sua luta pela vida. Flavia vive em coma vigil desde que, em 06 de janeiro de 1998, aos 10 anos de idade, teve seus cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde morávamos em Moema - São Paulo. O objetivo deste blog é alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas e ser um meio de luta constante e incansável por uma Lei Federal a fim de tornar mais seguras as piscinas do Brasil.

A terapia do amor, do carinho e do afeto.

- 28 de novembro de 2010
Flavia, aos 8 anos, no aniversário da amiguinha com quem ela está abraçada.

Flavia sempre foi uma criança muito afetiva, muito meiga. Muito alegre! Ela era carinhosa não só com os de casa, mas com os amigos também. Flavia tinha facilidade para relacionar-se com as pessoas e gostava muito de estar com as amiguinhas.

Há quase 13 aos em coma, Flavia ainda mantém um silencioso carisma. Até hoje, as pessoas que entrevistei e acabei contratando para me ajudar a cuidar de minha filha, com raras exceções, desenvolveram um gostoso (e importante) afeto por Flavia que em seu leito, uma vez ou outra, retribui esse afeto com um sorriso, infelizmente não mais um sorriso gaiato como este que ela exibe na foto acima, é um sorriso singelo, mas ainda assim um sorriso, como se Flavia quisesse agradecer por estarem acrescentando afeto e carinho quando cuidam dela.

Para cuidar de alguém que ficou dependente de nós é preciso além da dedicação intensa, acrescentar gentileza no trato e delicadeza no toque. Para me ajudar a cuidar de Flavia, procuro identificar pessoas competentes, mas também doces e carinhosas porque acredito no poder do amor, do carinho e do afeto. Acredito que esses sentimentos, em qualquer circunstância, sejam mesmo terapêuticos. Não só para quem recebe, mas também para quem os dá.

Um abraço a todos e até o próximo post.

QUE A DOR NÃO NOS TORNE PASSIVOS...

- 15 de novembro de 2010
O Vôo das Gaivotas - Foto de Nuno de Sousa.

Por esses dias perdi meu irmão Edgar, com quem eu tinha um forte vínculo de afeto. E a falta dele está doendo em mim. Está doendo. Mas me conformo porque Edgar deve estar passeando no infinito. E por lá, talvez meu irmão tenha o privilégio de avistar  gaivotas como estas da foto do meu amigo Nuno, este sensivel fotógrafo português.

A dor é algo que atinge a todos nós em diferentes momentos da vida. Sentimos dor por diferentes razões, por exemplo, a dor que sinto por ver Flavia em coma. Ou a dor que sentimos pela perda de um ente querido, ou mesmo de um animalzinho de estimação, que vive por  anos em nossa casa e de repente morre.

Por vezes, sentir dor é inevitável. O que defendo é cuidemos para que nossa dor não se torne tão ostensiva, a ponto de nos tornar - nós - uma dor para o outro. O que defendo é que passado o período de sofrimento intenso, passado o período do luto, que possamos usar, se for o caso,  nossa experiência dolorosa, em função do próximo, de modo que o que nos ocorreu sirva de alerta para evitar que outras pessoas passem pelo mesmo sofrimento. Trabalhar a dor para não sucumbirmos a ela, é um desafio que precisamos vencer.

Nesse sentido, acredito, sem falsa modéstia,  que o blog Flavia, vivendo em coma, vem cumprindo o seu papel de alertar para o perigo existente nos ralos de piscinas, apesar de ainda, muitas vezes, ao conversar  sobre o assunto, as pessoas me dizerem nunca terem ouvido falar de tal tipo de acidente e muito menos que ralos de piscinas pudessem oferecer tanto perigo. Mas pouco a pouco uma conscientização vem acontecendo. O blog de Flavia tem levado a informação  deste perigo a várias partes do mundo. Os comentários que publico abaixo são alguns dos muitos que deixam no blog de Flavia ou que recebo por e-mail. Saber que as informações contidas no blog de minha filha podem ser de utilidade para outras pessoas, é para mim, como dar voz à Flavia, é como dar mais sentido a esta dor que me tem cativa por ver minha filha em coma vigil irreversível. Esta dor me tem sim cativa, mas inativa ou passiva, jamais me terá.
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Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Hoje é aniversário de Flavia, um  dia que  já foi festivo"
Olá Odele!
Gostaria de lhe agradecer pelo seu empenho em conscientizar as pessoas sobre o perigo que os ralos de piscina podem representar. Moro em Cingapura, onde quase todos os brasileiros vivem em condomínios com piscina e nunca tinha atentado para esse potencial perigo. Vou ficar mais alerta e alertar também os amigos. Já assinei a petição também. Muito forca e esperança pra você sempre!
Um grande beijo. Pati.
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Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Reportagem na Revista "'Epoca: Agradecimentos"
Oi Odele, meu nome e Alessandra e moro em Jerusalem-Israel. Ha alguns dias li a reportagem sobre a Flavia, e me comovi muito e hoje coloquei parte dela no blog do meu filho Nehemias, que tem 3 anos, com o intuito de divulgar, pois essa questão dos ralos de piscinas e algo para o qual muita gente não esta atenta, inclusive eu, antes de ler a reportagem. Obrigada pelo seu exemplo de luta. Se quiser dar uma olhadinha no blog, fica a vontade, ta? http://nehemiaslahat.blogspot.com/
Shalom e um grande abraço pra você e pra Flavia!
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Cath deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mesmo que não mudemos o mundo, vamos fazer nossa parte."
Olá, Odele. Obrigada pela visita ao meu blog. Eu sempre acompanhei o seu blog e sempre conversei com varias pessoas quando fui a clubes, academias sobre o perigo dos ralos. No Brasil quando fui visitar meus pais, eu e minha mãe nos machucamos, prendemos a barriga no ralo do lado da escadinha na piscina de casa. Depois disso eu chamei a atenção do meu pai e mostrei o blog. Aqui na Irlanda nas academias e clubes é proibida a entrada na piscina sem touca, de certa forma já ajuda um pouco porque eu tenho cabelo grande, mergulho e com certeza posso chegar a ser uma vitima um dia. Por gostar muito de nadar eu divulgo sempre o blog e também a causa. Estamos todos juntos, a voz do povo ainda é a voz de Deus, e por mais que o dinheiro fale bem alto, no Brasil a união faz a força sim!! E o caso dessa menina linda nunca será esquecido. Que Deus te abençoe a ti e a Flavia. Um forte abraço em um beijinho no seu anjinho.
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Odele, bom dia. Outro dia estava no hospital e minha amiga comentou que trocaram o ralo da piscina do apto.dela, devido a uma reportagem que eles viram na Revista Época. E era a sua entrevista!!! Por isso, nem tenha dúvida de quantos acidentes vocês têm evitado. Um beijo.Marcia. (*)
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(*) Marcia  mora no Brasil.
É isso. Muito bom saber que está havendo uma conscientização para o perigo dos ralos de piscinas. Muito bom saber que mesmo em coma,  a voz de Flavia ecoa longe e  faz com que eu e ela não sejamos passivas em nossa dor.

Um abraço a todos.
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